Aqui estão minhas anotações, feitas após a leitura de cada livro (aqui intitulado como capítulo) e das seções contidas nesses livros. Essas anotações não tem o intuito de substituir a leitura do livro, a qual é essencial para melhor compreensão dos conceitos, mas sim busca ajudar os leitores a revisar e complementar sua leitura.
Algumas anotações foram complementadas por observações e ideias minhas. Assim como o próprio autor do livro sugeriu, algumas seções e livros são destinados ao público não-leigo, tais seções e livros foram pulados dessas anotações, que visam principalmente ao leitor leigo.
A edição lida foi:
- Título: Antifrágil – Coisas que se beneficiam com o caos
- Autor: Nassim Nicholas Taleb
- Editora: Objetiva
- Ano da edição: 2020
- Edição: 1ª edição
- Idioma: Português
- Número de páginas: 616
- ISBN-13: 978-85-470-0108-7
- ISBN-10: 8547001085
Capítulo 1: O Antifrágil: Uma introdução
1. Entre dâmocles e hidra
Algo que passa despercebido por muitos é a diferença de ser robusto e antifrágil. Mas o que é antifrágil? É evoluir com os erros, ser uma Hidra - quando alguém corta uma cabeça, nascem 2 no lugar. Ser robusto, resiliente é bom, mas você não ganha nada com as adversidades, apenas as suporta. Esse conceito é visto em diversos lugares, como na medicina:
- Hormese: resposta benéfica a baixas doses de um veneno.
- Mitridatização: processo de induzir resistência a um veneno ou toxicina através da administração gradual de doses sub-letais.
2. Sobrecompensação e reação exagerada por toda parte
- Sobrecompensação(Redundância): Quando exposto a um estressor, um sistema antifrágil não retorna simplesmente ao seu estado original - como faria algo robusto ou resiliente - mas reage de forma exagerada para se tornar melhor e mais capaz de lidar com estressores no futuro.
- Ex: Crescimento pós-traumático; censurar algo o impulsiona; musculação; etc.
Seja antifrágil não simplesmente robusto ou resiliente!
3. O Gato e a Máquina de Lavar Roupa
O gato (sistema orgânico) é antifrágil pois se fortalece com estresse e aleatoriedade - ao tomar um susto, ele fica mais esperto - já uma máquina de lavar roupa (sistema mecânico) quebra sob pressão.
Taleb critica a tendência moderna de tratar sistemas complexos como economias ou corpo humano, como máquinas que precisam de controle rígido, aumentando sua fragilidade.
Um pouco de aleatoriedade e desconforto são necessários! Antifrágeis não devem ser usados para evitar mudanças de humor e sim só para prevenir o suicídio.
4. O que não me mata deixa os outros mais fortes.
A falha de uma parte pode beneficiar o todo. Quando um componente frágil colapsa, ele libera recursos ou elimina ineficiências, permitindo que o sistema se adapte e se torne mais robusto.
Exemplo: incêndio florestal, que destrói árvores individuais, mas renova o ecossistema ao eliminar material morto e abrir espaço para novo crescimento, prevenindo desastres maiores no futuro.
Riscos = motores de renovação.
Capítulo 2 - Modernidade e a negação da antifragilidade
5. Souk e o prédio de escritórios
- Prédios de Escritórios: frágeis, centralizados e sujeitos a falhas catastróficas, como ataques terroristas ou falhas de energia, devido à sua estrutura hierárquica.
- Souks: Representam sistemas descentralizados, múltiplos acessos e layouts difusos, mais adaptáveis e resistentes a choques, como danos localizados.
- Viés de intervenção: A tendência da modernidade de criar sistemas que, ao tentar eliminar a volatilidade e o caos, acabam se tornando mais vulneráveis a eventos inesperados.
6. Diga a eles que eu adoro (um pouco de) aleatoriedade
A aleatoriedade pode ser uma força estabilizadora em certos sistemas. Isso contrasta com a visão comum de que a aleatoriedade é sempre disruptiva.
A modernidade busca controle e previsibilidade, o que resulta em sistemas frágeis e vulneráveis a colapsos inesperados.
7. Intervenção ingênua
- Iatrogenia: Intervenções, como tratamentos médicos ou políticas econômicas, que causam danos não intencionais ao tentar “consertar” sistemas.
- Sobreintervenção vs. Subintervenção: Há excesso de ação em situações de baixo risco e inação em crises reais, o que fragiliza sistemas.
- Complexidade
- Elogio à procrastinação: Adiar decisões permite que informações adicionais surjam, reduzindo intervenções impulsivas e desnecessárias. Isso contrasta com a cultura moderna de ação imediata.
- O sinal é mais importante que o ruído, mais dados não é uma ciência melhor, necessariamente.
8. A previsão como um fruto da modernidade
Fazer previsões tem efeito iatrogênico. Para ele, o método preditivo em si é falho. O foco deve ser a robustez ou a anti-fragilidade dos sistemas, não a previsão de modelos futuros. O mundo ideal não é aquele que acertamos todas as previsões, mas onde erros de previsão não causam prejuízos graças à robustez incorporada nos sistemas.
Em vez de prever a falha e as probabilidades de desastre, devemos focar na exposição à falha.
Capítulo 3 - Uma visão de mundo não preditiva
9. Tony Gordo e os Fragilistas
Tony prospera em ambientes de incerteza e volatilidade, lucrando ao identificar e apostar contra sistemas frágeis. Em oposição a ele, Taleb apresenta os “fragilistas” - geralmente acadêmicos e formuladores de políticas - que tentam controlar o mundo por meio de teorias e previsões.
Antifragilidade não se baseia apenas em planejamento ou previsões, mas na capacidade de agir e se adaptar à incerteza.
10. As vantagens e as desvantagens de Sêneca
Sêneca treinou sua mente para aceitar perdas. Ele abraça as vantagens de ser rico e “ignora” as desvantagens, contrariando o que muitos “estoicos” pregam hoje em dia.
Estratégia Barbell: maior parte dos recursos (90%) em opções seguras e uma pequena fração (10%) em investimentos de alto risco.
- “A fragilidade implica ter mais a perder do que ganhar, o que é igual a mais desvantagem do que vantagem, o que é igual a assimetria (desfavorável).” (pág 185)
- “A antifragilidade implica ter mais a ganhar do que a perder, o que é igual a mais vantagem do que desvantagem, o que é igual à assimetria (favorável).” (pág 185)
11. Nunca se case com um astro do rock
Estratégia Barbell: Estabilidade extrema com riscos calculados, evitando o meio-termo vulnerável.
Em vez de se casar com um astro do rock (algo volátil e arriscado), opte por uma base segura (casar com um contador) e permita pequenos exposições a riscos (flertes com o astro do rock). Isso protege contra perdas severas enquanto mantém a chance de ganhos inesperados.
Misturar investimentos seguros com arriscados, manter um emprego estável e explorar projetos paralelos, quebrar móveis e depois ser racional (gregos), ter conversas com taxistas e eruditos, etc.
Enfim, fuja do meio-termo!
Capítulo 4 - Opcionalidade, tecnologia e a inteligência da Antifragilidade
12. As uvas doces de Tales
Tales colocou pequenos depósitos para garantir o direito exclusivo de usar as prensas de azeitonas locais durante a época da colheita. Opção: “o direito mas não a obrigação de comprar ou vender”.
Assimetria:
- Cenário ruim: se a colheita fosse ruim, ele perderia apenas os pequenos depósitos pagos pelas opções.
- Cenário bom: se a colheita fosse boa, ele controlaria as prensas e poderia alugá-las por preços altos.
Opcionalidade pode ser mais valiosa que a inteligência tradicional.
13. Ensinando os pássaros a voar
Imagine que professores idosos, vestidos com togas pretas, tentam ensinar pássaros a voar através de palestras técnicas repletas de jargões e equações complexas. Os pássaros não precisam de aulas teóricas para aprender a voar, assim como muitas inovações tecnológicas não surgem primeiramente da teoria acadêmica.
Experimentação aleatória -> Heurística (tecnologia) -> prática e aprendizado.
Ao invés de:
Academia -> Ciência aplicada e Tecnologia -> Prática
- “Causalidade não é correlação, e vice-versa.” (epifenômenos)
- “A história da roda ilustra também o ponto central deste capítulo: tanto os governos quanto as universidades fazem pouco, muito pouco em prol da inovação e da descoberta, precisamente porque, além de seu racionalismo ofuscante, procuram o complicado, o sensacionalista, o digno de nota, o narrado, o cientificista e o grandioso, raramente a rodinha na mala. A simplicidade, perceba, não rende medalhas.” (pág 221)
14. Quando duas coisas não são a “mesma coisa”
O conhecimento que consideramos “essencial” pode ser completamente irrelevante para o sucesso prático.
Exemplo: Joe Siegel e a “madeira verde”, apesar do sucesso, ele achava que a madeira era pintada de verde.
Exemplo 2: Melhor especialista mundial em câmbio franco-suíço não sabe localizar a Suíça no mapa.
A educação não gera riqueza, mas provém dela. Ela deve ser buscada por seus próprios méritos e não de ganhos econômicos. Inovações vem de tomar riscos e não de pesquisas (teoria x prática).
Faladores são péssimos em explicar narrativas, mas são excelentes na prática. Acadêmicos são o contrário.
15. A história escrita pelos perdedores.
“Não colocamos teorias em prática. Criamos teorias a partir da prática.” A maioria dos erros que existem e foram desenvolvidos ao longo do tempo foram “desenvolvimentos empíricos, baseados em tentativas, erro e experimentação de artesãos habilidosos que tentavam melhorar a produtividade, e assim, o lucro de suas fábricas”.
“Praticantes não escrevem, eles fazem. Os pássaros voam, e aqueles que dão palestras sobre eles são os que escrevem sua história.” A maioria das inovações surge de forma não planejada e empírica.
16. Uma lição sobre a desordem
- Domínio ecológico: representa o aprendizado real, baseado na experiência direta com a realidade.
- Domínio lúdico: representa o aprendizado artificial, controlado e desvinculado da realidade.
Mãe-coruja resulta em fragilidade e não proteção.**
Estude o que mais te interessa, seja autodidata, mas valorize o tédio e as dificuldades a serem superados no estudo e na leitura.
17. Tony Gordo debate com Sócrates
Não é necessário saber explicar algo para conhecê-lo verdadeiramente. O método socrático “mata” conhecimento funcionais através de interrogatórios intimidatórios que faziam as pessoas se sentirem estúpidas por seguirem seus instintos e tradições, sem oferecer alternativas práticas.
Capítulo 5 - O não linear e o não linear
Capítulo foi pulado, pois assim como diz a nota de rodapé na página 305: “o leitor leigo pode pular o livro V sem prejuízo algum: a definição de antifragilidade, a partir da assimetria de Sêneca, é suficiente para uma leitura literária do restante do livro. Aqui, o que se tem é uma reformulação mais técnica”
18. Sobre a diferença entre uma pedra grande e mil pedrinhas
19. A pedra filosofal e seu inverso
Capítulo 6 - Via Negativa
20. Tempo e Fragilidade
-
Neomania: A tendência doentia de buscar constantemente o novo, o moderno e o “progressivo”.
-
Efeito Lindy: Para o perecível, cada dia adicional em sua vida traduz-se em uma expectativa de vida extra mais curta. Para o não perecível, cada dia adicional pode implicar uma expectativa de vida mais longa.
Não perecível: coisas imateriais ou replicáveis sem desgaste físico, como ideias, livros, teorias, práticas culturais, etc. Perecível: entidades sujeitas a desgastes, consumo ou obsolescência física, como comidas, seres vivos, objetos manufaturados, combustíveis…
-
Via Negativa: remover elementos prejudiciais ao invés de sempre adicionar novos componentes. Ex: Saber o que não funciona é mais robusto que saber o que funciona. Ex 2: Saber o que não vai ter no futuro é mais robusto que saber o que vai ter.
21. Medicina, convexidade e opacidade
1. Primeiro princípio da iatrogenia: Empirismo
- O natural não precisa provar sua eficácia, mas sim o não-natural.
- A intervenção médica deve ser justificada, não a não-intervenção. Não realize tratamentos desnecessários.
2. Não-linearidade
- Os efeitos da medicina são não-lineares - a resposta não é proporcional à dose.
- A iatrogenia aumenta de forma convexa (acelerada) conforme a severidade da condição diminui.
- Remover o prejudicial é mais eficaz que adicionar tratamento.
- Intervenção apenas quando os benefícios superam drasticamente os riscos (quase-fatal: justificável).
- A natureza funciona através de processos opacos que não entendemos completamente.
- Agir como se não tivéssemos a história completa.
- A sofisticação requer aceitar que não somos tão sofisticados.
22. Viver por muito tempo, mas não por tempo demais
Aplicação da via negativa à saúde e longevidade, defendendo a subtração de elementos prejudiciais como tabagismo, intervenções médicas iatrogênicas e excesso de riqueza, para promover antifragilidade em vez de adições superficiais. Promover jejum, aleatoriedade na nutrição, aceitação da mortalidade.
Capítulo 7. “A ética da Fragilidade e da antifragilidade”
23. Arriscando a própria pele: antifragilidade e opcionalidade à custa dos outros.
Não confie em quem não arrisca a própria pele: opiniões sem custo pessoal geram fragilidade para todos.
24. Ajustando a ética a uma profissão
Enfatiza que a ética deve moldar as profissões, de maneira semelhante ao proposto pelo código de Hamurábi, ou seja, “arriscar a própria pele”.
Crítica o “Big Data” pelo excesso de ruído e escassez de sinais. Além disso, e principalmente, propõe a priorização de sistemas antifrágeis que evitam adaptações morais convenientes para ganho pessoal, como ex funcionários públicos que usam de seu conhecimento e experiência à custa dos outros, em empresas privadas.
25. Conclusão
“Todos as coisas ganham ou perdem com a volatilidade. Fragilidade é aquilo que perde com a volatilidade e a incerteza.”
Tabelas e gráficos
A Tríade: A distinção fundamental entre o Frágil (que se quebra com o caos), o Robusto (que resiste ao caos) e o Antifrágil (que se beneficia do caos), usando as metáforas da Espada de Dâmocles e da Hidra.
Tabela 1: A Tríade em Economia e Finanças
Domínio | Frágil | Robusto | Antifrágil |
---|---|---|---|
Negócios | indústria | microempresa | artesão |
Finanças | dívida | capital acionário | capital de risco |
Finanças | dívida pública | dívida pública sem socorro financeiro | ausência de conversíveis |
Vida econômica | seitas de econofastros | empreendedores | |
Finanças | bancos, fundos de hedge geridos por econofastros | fundos de hedge (alguns) | fundos de hedge (alguns) |
Empresas | eficiência, otimizada | redundância | degeneração (redundância funcional) |
Vida econômica | vender opção | negócio familiar | comprar opção |
Dependência financeira | funcionário de corporações, classe tantalizada | dentista, dermatologista, trabalhador de nicho, trabalhador que recebe salário mínimo | taxista, artesão, prostituta, f*** dinheiro |
Trading de opções | venda de volatilidade, gamma, vega | volatilidade uniforme | compra de volatilidade, “gamma”, “vega” |
Tabela 2: A Tríade em Conhecimento, Ciência e Filosofia
Domínio | Frágil | Robusto | Antifrágil |
---|---|---|---|
Pensadores | Platão, Aristóteles, Averróis | primeiros estoicos, Menôdoto de Nicomédia, Popper, Burke, Wittgenstein, John Gray | romanos estoicos, Nietzsche, Montaigne, o jovem Silver, Hegel (Contradição), Jaspers |
Filosofia / ciência | racionalismo | empirismo | empirismo cético, subtrativo |
Ciência / tecnologia | pesquisa dirigida | pesquisa oportunista | experimentações estocásticas (experimentação antifrágil ou bricolagem) |
Ciência | teoria | fenomenologia | heurísticas, artifícios práticos |
Cultura antiga (Nietzsche) | apolíneo | dionisíaco | mistura equilibrada de apolíneo e dionisíaco |
Ética | os fracos | os magníficos | os fortes |
Conhecimento | explícito | tácito | tácito com convexidade |
Epistemologia | verdadeiro-falso | otário-não otário | |
Conhecimento | mundo acadêmico | expertise | erudição |
Ciência | fenomenologia baseada em evidências |
Tabela 3: A Tríade na Vida Pessoal e Cotidiana
Domínio | Frágil | Robusto | Antifrágil |
---|---|---|---|
Bem-estar psicológico | estresse pós-traumático | crescimento pós-traumático | |
Corpo humano | amolecimento, atrofia, “envelhecimento”, sarcopenia | mitridatização, recuperação | hormese, hipertrofia |
Comida | empresas alimentícias | restaurantes | |
Treinamento físico | esportes organizados, aparelhos de academias | barbell: biblioteca dos pais, brigas de rua | |
Medicina | via positiva - tratamento aditivo (dar medicação) | via negativa - tratamento subtrativo (eliminar itens do consumo — por exemplo, cigarros, carboidratos etc.) | |
Vida e pensamento | turista, pessoal e intelectual | flanador, com uma imensa biblioteca pessoal | |
Relações humanas | amizade | parentesco | atração |
Característica | O Mecânico (Não Complexo) | O Orgânico (Complexo) |
---|---|---|
Manutenção/Reparo | Precisa de reparos e manutenção contínuos | Autorreparação |
Relação com a Aleatoriedade | Odeia a aleatoriedade | Adora a aleatoriedade (pequenas variações) |
Recuperação | Não há necessidade de recuperação | Necessita de recuperação entre os estressores |
Interdependência | Pouca ou nenhuma interdependência | Alto grau de interdependência |
Efeito dos Estressores | Estressores causam fadiga do material | Ausência de estressores causam atrofia |
Envelhecimento | Envelhece com o uso (desgaste natural) | Envelhece com a falta de uso* |
Reação a Impactos | Subcompensa com impactos | Sobrecompensa com impactos |
Efeito do Tempo | O tempo traz somente senescência | O tempo traz envelhecimento e senescência |
Depois de ler este capítulo, Frano Barović me escreveu: “Máquinas: use-as ou perca-as. Organismos: use-os ou perca-os.” Observe, também, que tudo que é vivo precisa de estressores, mas nem todas as máquinas precisam ser deixadas em paz — um aspecto do qual trataremos em nossa discussão sobre a têmpera.
Tabela 4: Fragilizando o Intervencionismo e seus Efeitos
Área de Conhecimento | Exemplo de Intervencionismo | Iatrogenia / Custos |
---|---|---|
Medicina, Saúde | excesso de tratamento, alimentação constante, estabilidade térmica etc., negar a aleatoriedade do corpo humano, adição, não a subtração, da dependência de remédios | fragilidade, erro médico, pessoas mais doentes (porém mais longevas), empresas farmacêuticas mais ricas, bactérias resistentes a antibióticos |
Ecologia | microgerenciamento de incêndios florestais | agravamento dos riscos totais, “grandes incêndios” mais destrutivos |
Política | planejamento central, apoio dos Estados Unidos a regimes “engajados” “em nome da estabilidade” | opacidade informacional, caos após a revolução |
Economia | “Nunca mais ciclos de expansão-contração” (Greenspan, EUA); Trabalho (Reino Unido); Grande Moderação (Bernanke); intervencionismo estatal; otimização; ilusão da precificação de eventos raros, metodologias de Value at Risk, ilusão das economias de escala, ignorância de efeitos de segunda ordem | fragilidade, crises mais profundas quando acontecem, apoio a corporações sólidas e aliadas dos governos, sufocamento dos empreendedores, vulnerabilidade, pseudoeficiência, explosões em grande escala |
Negócios | conselhos positivos (o que fazer), foco no retorno e não no risco (o que evitar) | charlatães mais ricos, falência das empresas |
Urbanismo | planejamento de cidades | decadência urbana, áreas residenciais no centro da cidade, depressões, criminalidade |
Previsão | previsão no Domínio do Cisne Negro (Quarto Quadrante) apesar do terrível histórico de desempenho | riscos ocultos (as pessoas correm mais riscos quando dispõem de uma previsão) |
Literatura | preparadores tentando modificar o texto do autor | escrita mais insossa, no estilo da mercadoria comoditizada do New York Times |
Criação dos filhos | mãe-helicóptero (ou pai), eliminando todos os níveis de aleatoriedade da vida dos filhos | turistificação da mente dos filhos |
Educação | o conceito está inteiramente alicerçado em intervencionismo | ludificação — transformação do cérebro das crianças |
Tecnologia | neomania | fragilidade, alienação, nerdificação |
Meios de comunicação | informação estéril de alta frequência | ruptura do mecanismo de filtragem ruído/sinal, intervencionismo |
Tabela 5: Ética e a Assimetria Fundamental
NÃO ARRISCAM A PRÓPRIA PELE (Mantêm a vantagem, transferem a desvantagem para os outros, guardam uma carta na manga à custa dos outros) | ARRISCAM A PRÓPRIA PELE (Mantêm sua própria desvantagem, assumem seu próprio risco) | ARRISCAM A PRÓPRIA PELE PARA O BEM DOS OUTROS OU COLOCAM A ALMA NO JOGO (Assumem sua própria desvantagem em prol dos outros, ou valores universais) |
---|---|---|
Burocratas | Cidadãos | Santos, cavaleiros, guerreiros, soldados |
Conversa fiada (“papo-furado”, no dialeto de Tony Gordo) | Atitudes, em vez de papo-furado | Conversas onerosas |
Consultores, sofistas | Comerciantes, empresários | Profetas, filósofos (no sentido pré-moderno) |
Negócios | Artesãos | Artistas, alguns artesãos |
Executivos corporativos (de terno e gravata) | Empreendedores | Empreendedores / inovadores |
Teóricos, mineradores de dados, estudos observacionais | Experimentadores de laboratório e de campo | Cientistas independentes |
Governo centralizado | Governo das cidades-estados | Governo municipal |
Editores | Escritores | Grandes escritores |
Jornalistas que “analisam” e preveem | Especuladores | Jornalistas que assumem riscos e revelam fraudes (regimes poderosos, corporações) |
Políticos | Ativistas | Rebeldes, dissidentes, revolucionários |
Banquiros | Traders | (Não se envolvem com o comércio vulgar) |
O fragilista prof. dr. Joseph Stiglitz | Tony Gordo | Nero Tulipa |
Vendedores de riscos | Contribuintes (colocam a alma em jogo de forma meio involuntária, mas são vítimas) |
Citações que marquei durante a leitura:
“Minha ideia era ser rigoroso no mercado aberto. Isso me fez focar no que um antialuno inteligente precisava ser: um autoditada - ou uma pessoa de conhecimento, em comparação com os alunos chamados, no dialeto libanês, de ‘devoradores’, aqueles que ‘devoram o material escolar’ e cujo conhecimento deriva apenas da programação dos cursos. Percebi que o diferencial não estava no pacote do que estava no programa oficial do bacharelado - conteúdo que todos dominavam, com pequenas variações que se multiplicavam em grandes discrepâncias nas notas -, mas exatamente no que estava fora do currículo”
Pág 283, Livro IV
“Sua força [força dos acadêmicos] é extremamente específica de domínio, e seu domínio não existe fora dos construtos lúdicos - e bem organizados. De fato, sua força, assim como no caso dos atletas superespecializados, é resultado de uma deformação. Eu achava que o mesmo acontecia com as pessoas selecionadas por tentar obter notas altas em um pequeno número de disciplinas, em vez de seguir sua curiosidade: tente afastá-las ligeiramente do que elas estudaram e assista à sua desintegração, sua perda de confiança e suas contradições. […] Já travei debates com muitos economistas que alegam ser especialistas em risco e probabilidade: quando eles se desviam minimamente de seu foco limitado, mas ainda no âmbito da disciplina da probabilidade, eles desmoronam, com a expressão desconsolada de um rato de academia diante de um assassino profissional a serviço do crime organizado.”
Pág 284, Livro IV
Quando perguntaram a Taleb uma regra sobre o que ler: “Tanto quanto possível, o mínimo do que foi escrito nos últimos vinte anos, exceto livros de história que não sejam sobre os últimos cinquenta anos.”
Pág 383, Livro VI
“Um homem pela metade (ou melhor, uma pessoa pela metade) não é alguém que não tem opinião; é apenas alguém que não assume riscos em nome de sua opinião”
Pág 438, Livro VII
“Uma lição que aprendi com essa cultura ancestral foi a noção de megalopsiquia (termo expresso na ética de Aristóteles), um senso de grandeza que foi suplantado pelo valor cristão de ‘humildade’. Não há nenhuma palavra para esse tipo de magnanimidade nas línguas românticas; em árabe, é chamada de shhm - para a qual a melhor tradução é ’não pequeno’. Se o indivíduo assumir riscos e enfrentar seu destino com dignidade, nada do que ele possa fazer o tornará pequeno; se você não assumir riscos, não há nada que possa fazer para tornar-se grande, nada. E, quando você assume riscos, os insultos desferidos por homens pela metade (homens pequenos, aqueles que não arriscam nada) são semelhantes a latidos de animais não humanos: não dá pra se sentir ofendido por um cão.”
Pág 438, Livro VII
“Verba volent, as palavras voam. Em nenhum outro momento da história as pessoas que falam muito e não fazem nada foram tão visíveis e desempenharam um papel tão importante quanto nos tempos modernos. Isso é o produto do modernismo e da divisão de tarefas.”
Pág 446, Livro VII
“Pense um pouco mais a fundo: quanto mais complexa a regulamentação, mais burocrática a rede, e mais um regulador que conhece o sistema de brechas e falhas se beneficiaria com isso mais tarde, uma vez que sua vantagem como regulador seria uma função convexa de seu conhecimento diferencial”
Pág 477, Livro VII
“Em primeiro lugar, quanto mais complicada a regulamentação, mais propensa ela está de ser arbitrada por pessoas que têm informações privilegiadas. Esse é mais um argumento a favor das heurísticas. Uma regulamentação com 2300 páginas - algo que pode ser substituído pelo código de Hamurábi - será uma mina de ouro para ex-reguladores. O incentivo para um regulador é contar com uma legislação intrincada. Mais uma vez, aqueles que detêm informações confidenciais são inimigos da regra do menos é mais.”
Pág 478, Livro VII
“A aleatoriedade distribuída (em oposição à do tipo concentrado) é uma necessidade, não uma opção: tudo que é grande tem baixa volatilidade. E tudo que é rápido também. Grande e rápido são abominações. Os tempos modernos não gostam da volatilidade.
E a Tríade nos dá alguma pista do que deveria ser feito para vivermos em um mundo cujo encanto vem de nossa incapacidade de compreendê-lo verdadeiramente”
Pág 488, Livro VII
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